PELO VOTO IMPRESSO, O FIM DA DEMOCRACIA

PELO VOTO IMPRESSO, O FIM DA DEMOCRACIA

Bolsonaro se junta a multidão em Brasília para pedir voto impresso promovendo algo muito mais nocivo do que aglomeração: o retrocesso

Por CARLOS SANTANA 15/05/2021 - 18:53 hs

Nesta tarde de sábado (15) o que se viu em Brasília era uma multidão verde-amarela com faixas e cartazes repletas de ideias radiciais e antidemocráticas. Bolsonaro se juntou aos cavaleiros que trotavam rumo à sei lá o quê, mas pedindo o que você sabe bem: menos democracia. 


O fato da pessoa física ser contra o sistema eletrônico de eleições não deve ser um problema, agora o presidente eleito por esse mesmo mecanismo propor outro (impresso) totalmente sujeito a fraudes, alegando não reconhecer a derrota caso aconteça no pleito do ano que vem, é no mínimo preocupante. 


A democracia como sabemos é o único regime que permite questionamentos e até mesmo críticas, mas tentar acabar com ela é, segundo a lei, um ato criminoso. Pedir o fechamento do STF, dissolução do Congresso, AI-5 ou até mesmo intervenção militar com Bolsonaro no poder é propor soluções medíocres para um país complexo e historicamente repleto de antidemocracia.


O medo é essa multidão (que está sendo ignorada pela mídia) se pulverizar em todo o país e bem embaixo das nossas barbas. 


O sistema eletrônico atual onde escolhemos a cada 2 anos o nosso representante além de seguro é auditável. A proposta de Bolsonaro seria de após o voto na urna digital ser computado, outro impresso seria depositado em outra urna. 


A prática oneraria, segundo o TSE, em 2 bilhões por eleição sem contar o precedente de judicialização das disputas eleitorais. Imagine 5.570 municípios entrando simultaneamente com milhares de ações na Justiça. 


Os EUA, que seriam a referência de Jair Bolsonaro para a realização de eleições (por fazer uso de voto impresso) enfrentou dias difíceis, inclusive lá houve invasão do Capitólio como inconformidade da militância sectária de Donald Trump. Eles não aceitaram a derrota na tentativa de reeleição no fim do ano passado e consideram a vitória de Joe Biden uma fraude.


A Justiça americana não deu procedência a nenhuma das reclamações e Trump foi submetido a um vergonhoso processo de impeachment, o qual foi absolvido pela maioria do

seu partido no Senado. 


Imagine essa onda atingindo o Brasil, um país de dimensões continentais e que guarda na história tentativas de fraudes e golpes sucessivos após sumiço de cédulas e urnas. 


Estudamos história para não repetir justamente os erros do passado, mas ao que parece a educação não é uma prioridade para esse governo - que diminuiu o orçamento dessa pasta mas aumentou para os militares. 


Os militantes aos milhares hoje em Brasília, novamente, gritaram para Bolsonaro “EU AUTORIZO”. Resta saber agora o que exatamente estão incitando que seja feito pelo mandatário. 


Eles, nas redes sociais, prometem que dia 15 será gigante. 


O que será que esse público pretende fazer?


Até quando o Supremo continuará acovardado?