A PREFERIDA

A PREFERIDA

Como em um país politicamente polarizado, uma personalidade excêntrica feito Juliette Freire foi campeã do maior reality show do Brasil ?

Por CARLOS SANTANA 05/05/2021 - 17:30 hs
A PREFERIDA
A paraibana tinha cerca de 3k de seguidores nas redes. Hoje ultrapassa a atriz Grazi Massafera.

A prometida e histórica 21ª edição do "Big dos Bigs" fez o programa ser o mais assistido do ano aqui no Brasil como um desligue da realidade em um país acometido por uma desgraça em comum. 


Com a união do Oiapoque (AP) ao Chuí (RS), os cactos (como ficaram conhecidos os fãs da paraibana Juliette) arrebataram toda uma nação unificando-a com 90,15% dos 633.284.707 votos. Historicamente ela é a 3ª melhor porcentagem de preferência do público.


Neste momento em que estou escrevendo ela tem só no Instagram - ou mais conhecido como playground das marcas - 26 milhões e 400 mil seguidores!


É como se 1 em cada 5 brasileiros estivessem acompanhando a cantora, advogada e como ela traz com muito orgulho: nordestina.


Um verdadeiro "fenômeno" como foi corretamente dito no discurso do Tiago Leifert (que diga-se de passagem foi incrível) na noite de ontem. 


Em um país polarizado cheio de pessoas cancelando este ou aquele por comportamentos relacionados à pandemia foi o palco perfeito para o espetáculo das redes sociais e seus juízes de 'textão'. 


A participante Sarah Andrade foi além de atirada do castelo que havia sido construído pela opinião pública dos tuiteiros. Ela foi de certo modo cancelada. O motivo ia além das intrigas, fofocas e cachorradas envolvendo o Gil e a Juliette com a brasiliense.

Aqui fora o batalhão do politicamente correto estava a postos para postar até chegar nos assuntos mais comentados (Trending Topics) falas que também foram exibidas pelo pay-per-view (canais pagos com acesso a 24horas das câmeras ao vivo) de Sarah falando que foi a festinhas durante a pandemia do novo coronavírus. 


Segundo a patrulha das redes: o público precisava tirar a Sarah também porque disse gostar do Bolsonaro e não querer o seu impeachment.


Diversas personalidades que antes enalteciam o G3, aproveitaram a desavença dos participantes dentro do programa (que não possui interferência externa exceto nas votações que eliminam ou elegem o ganhador da disputa) para arrancá-la no 8º paredão.


Muito ruim para alguém que na segunda semana chegou a ser considerada a preferida disparada do público. 


Aqui vimos então que as questões do Supremo Tribunal das Redes Sociais definiram os rumos do programa enquanto os participantes se perdiam no meio a tantas aulas que foram tomadas antes do confinamento por coachings especializados. Ninguém entrou ali despreparado. 


Mas do que valia se quando aqueles que seriam maculados pela comunidade progressista estavam sendo eliminados um a um?


Lembra da Ana Maria Braga falando após a eliminação acachapante do Nego Di, que houvera a primeira baixa no gabinete do ódio? 


Diversas situações retratadas ao longo do programa como racismo e homofobia fizeram o reflexo nas urnas, ops nos paredões e mostraram que o Brasil é capaz de gerar engajamento, movimento. 


Mas o que faria toda essa energia ser depositada naquilo que mudaria de forma pragmática a cultura do novo Brasil ? 


Será que no ano que vem veremos mais do mesmo nas eleições? Sim, pois até sobre isso foi falado no programa pelos participantes, embora não seja permitida a menção a políticos por regras internas da produção e da emissora.


Quem viver verá. 


Em tempo: gostaria de dedicar este texto com todo carinho para o ator e diretor Paulo Gustavo. Que Deus o receba e que a sua família tenha o conforto em meio a 400 mil outras também tristes desde quando tudo isso teve início nas nossas vidas. E a gente não vê a hora de passar logo. Paulo é luz, PG é vida! Obrigado.