GESTÃO DE CRISE "A LA PAULISTA"

GESTÃO DE CRISE "A LA PAULISTA"

Por CARLOS SANTANA 28/06/2020 - 17:51 hs

A palavra gestão e o seu significado pragmático é o grande mote queridinho essa elite acostumada com os modismos da nova cultura. No empresarial essas novas nomenclaturas de eficiência em detrimento à ineficácia dos políticos, fizeram a sedução das urnas primeiramente paulistanas. Foi então nesse mercado que o administrador, organizado, bom moço e pai de família tradicional, um homem heterossexual honrado, bem posto, cairia bem para a comandar a locomotiva do Brasil sendo eleito novamente - apenas 2 anos depois ele ter dito que o abandono dos negócios na Faria Lima possuía apenas a nobre e limitada missão de prefeitar a cidade de São Paulo por 4 anos, seria até 2020 somente - só que não.  

 Após João Dória (PSDB) ter pavimentado o caminho do Edifício Matarazzo para o Palácio dos Bandeirantes, percorrendo do centro antigo "cuidado" para a familiar Zona Sul do Morumbi, se tornou claro que são apenas etapas superadas do Plano Estratégico da SWOT (análise corporativa que avaliam oportunidades e riscos no ambiente interno e externo das empresas) do governador do Brasil – ops futuro presidente.  

 Embora uma crise como essa não trouxe até agora na solução de especialistas e lideranças algo que consiga frear o crescimento do novo coronavírus, além deste fracassado isolamento imposto para pessoas saudáveis e doentes (sintomáticos e assintomáticos), seguimos com outro problema no meio do caminho: gestão.   

 As falhas apresentadas no combate pelo Governo do Estado de São Paulo são diversas, mas vou citar apenas duas. Primeiro, o episódio de compra de respiradores que não chegaram da China após terem sido encomendados com vôo fretado da Azul, mesmo com a gestão ter pago adiantado 242 milhões de reais (US$ 44 mi). Segundo, os midiáticos hospitais de campanha, instalados no estádio do Pacaembu e no Centro de Exposições do Anhembi, com custo mensal de 10 milhões de reais - mas apenas 20% de taxa de ocupação. Ontem, a prefeitura de São Paulo de Bruno Covas (PSDB) decidiu fechar o hospital do Pacaembu devido à baixa ocupação de dez dias.  

 A Transparência Internacional chama a atenção para a gestão dos recursos destinados ao combate ao inimigo oculto rankiando os estados brasileiros, onde espantosamente São Paulo aparece em penúltimo lugar (26º) nesse ranking de 27 avaliados. Em resumo, muito dinheiro rolando sem sabermos ao certo para onde estão indo.  

 Enquanto isso, Dória em suas diárias coletivas, ora troca afagos com a imprensa, mas quando questionado sobre o acordo de teste e produção de vacina com os Chineses, ao mesmo tempo que diversos outros países já estão mais adiantados nesse desenvolvimento, o educado político-gestor ironiza jornalista e oferece-lhe o envio de uma caixa de chocolates, afim de adocicá-lo. Quase não se falou sobre isso, mas se fosse um tal outro político....  

 Dória por fim, arranha a sua imagem técnica de até então ter sido o mais ferrenho defensor da ciência e dados sem populismos, devido à mudança abrupta de sua posição entre o "lockdown" e abertura da economia, no paradoxo de manter parques fechados e shoppings abertos... bom, mas esse é assunto para outra conversa. Até a próxima!