HUMANIDADE EM DIAS COMO OS DE HOJE

HUMANIDADE EM DIAS COMO OS DE HOJE

Por DARIO VASCONCELOS 20/03/2019 - 14:25 hs

Em dias como os de hoje, sinto na pele e no peito nu, toda a fragilidade em ser humano. Feito de carne, osso e revolta. Dentro de mim, o sonho capitalista há muito tempo, deixou de ser colorido ou desfilar seu jeans rasgado. Agora ele invade escolas vestido de vingança, com armas em punho e machado afiado.

 Carrega em seus olhos de granada sem pino, a dor embalada em uma névoa densa, pronta para arrasar um quarteirão inteiro. Ele é morte d’alma, suicídio composto e glória sem fama.

Em dias como os de hoje, onde bandeiras são hasteadas a meio mastro, em terras brasilianas, ele invade mesquitas em terras geladas da Oceania. Deixa de ser sonho e atira a esmo sem piedade, sem fim. Torna-se um pesadelo acompanhado de rifles semiautomáticos e ideais xenofóbicos vivo. Se camufla de “deus” e extermina suas vítimas a queima roupa.

Por dentro, sinto o peito encharcado e o coração pulsando acelerado. Lembro-me de um momento, em dias como os de hoje, em que chorei. Me deparei com velas e flores se despedindo de vidas brasileiras, afegãs, paquistanesas, neozelandesas entre tantas outras e me vi menino novo manhoso.

O debate acerca da falta de efetivo policial, ou a presença eficaz do Estado nas escolas públicas brasileiras, é vital. A discussão em torno das leis, que regulamentam a venda e compra de armas mundo a fora, é importante. No entanto, é preciso reconhecermos a capacidade de enxergar humanidade no outro, como necessidade primária. Dessa forma, sobreviveremos há dias como os de hoje.